Dificilmente haveria uma jovem dos anos 2010 em que não surgisse algum interesse por tecnologia. A era das redes sociais, dos smartphones e das mensagens instantâneas imperou sobre a imaginação de toda uma geração. Deste geração eu faço parte.
Ingresso em 2012 num curso técnico de desenvolvimento de software pelo Instituto Federal do Piauí, tomei pela primeira vez contato com o assombroso backstage do mundo da tecnologia: as maravilhosas ferramentas que, por trás das cortinas, tornavam possível aquele mundo algo mágico do YouTube e do Facebook no qual estávamos imersos. Linguagens de programação, lógica, algoritmos, protocolos. Estes são alguns dos muitos termos que passaram a integrar nosso dia-a-dia e despertar profundo entusiasmo em uns e uma repulsa igualmente profunda em outros.
Curiosamente, eu pertencia ao segundo grupo. Todo aquele falatório soava-me demasiado abstrato para despertar algum interesse genuíno. Soma-se a isso a descoberta, pouco tempo depois, da minha vocação para as matemáticas e tem-se o resultado final daquela curta história: encerrei o curso com uma antipatia profunda a estes temas e com a certeza de que jamais trabalharia com aquilo.
A maturidade chega-nos com os anos acompanhada de uma série de virtudes. Uma delas é a responsabilidade. Encarregado logo cedo de pôr comida numa mesa encontrei-me numa das situações mais comuns da nossa vida brasileira: precisava de dinheiro e não sabia fazer nada. Em meio a este dilema, o famigerado diploma obtido anos antes e ignorado até então ressurge como um feixe de luz. Obtenho então o primeiro emprego e descumpro descaradamente a promessa que havia feito a mim mesmo. Era, a partir de então, um profissional da tecnologia.
Iniciando minha carreira na área de redes e telecomunicações passei a observar na realidade a quê se referia todo aquele falatório abstrato que tanto me aborrecera anos antes. E veio então a primeira grande descoberta: até que era interessante! O mundo dos protocolos, das convenções, dos algoritmos e dos bits apresentou-se a mim agora não como uma idéia etérea e abstrata, mas como uma realidade concreta, cumprimentando-me como uma pessoa. Passei a compreender melhor então a origem daqueles termos, seus significados e como aqueles conceitos articulavam-se num todo genericamente apelidado de TECNOLOGIA.
Atualmente, trabalhando ativamente com desenvolvimento e análise de sistemas na Katrid, tive a chance de me apaixonar por este mundo. As linguagens de programação, os sistemas de bancos de dados, os protocolos e os modelos lógicos agora são realidades próximas a mim e com tanto significado quando uma cadeira ou uma mesa. O que começou como uma história aparentemente fadada ao fracasso tomou um inesperado rumo — tortuoso, é verdade — em direção à realização profissional.
A lição, se é que há alguma, pode ser resumida nos seguintes termos: dê uma chance para que o mundo da tecnologia lhe conquiste como uma presença real no seu cotidiano. Lembre-se de que todas aquelas abstrações e conceitos que tanto assustam não são senão a expressão final de algum problema real já exaustivamente tratado. A tecnologia é a nossa vida automatizada. E sua vida sempre lhe será familiar.